Vem aí o dia 20 de novembro e espero que a imensa comunidade negra através dos grupos organizados, faça com que a histórica data não fique apenas nas comemorações e nos discursos políticos. Que seja encarado da mesma forma autêntica que o seu herói e mártir ZUMBÍ o fez, com coragem e determinação.
Mesmo porque, naquela época nada o era favorável. Ele não tinha a lei Afonso Arinos, para ser usada na sua defesa por algum ilusório advogado. Ele não tinha carro de som para amplificar a sua voz, encorajar e mobilizar os seus seguidores.
Ele não tinha imprensa para divulgar suas atividades. Não existia eleição e se existisse negro não era cidadão e assim não poderia votar. Zumbi não contava com políticos oportunistas para visitá-lo no Quilombo dos Palmares levando cestas básicas, promovendo feijoadas, sorrisos forçados e sair apertando a mão da negrada lhe prometendo falsos favores com "apoio público" ainda que falso.
Hoje tudo é mais fácil. O negro tem a imprensa, tem a lei, tem advogados, tem carro de som, mesmo ainda sofrendo com o racismo é visto com uma certa simpatia pois legou à sociedade coisas positivas como a sua cultura através dos blocos afros, suas iguarias, a capoeira, sua religião, suas festas que se tornaram populares e que agradam à todas as raças e classes.
Max Matos.
* Esse texto foi publicado no jornal A Tarde em novembro de 1985.