É interessante lembrarmos que este dia é apenas das crianças privilegiadas, aquelas que têm ao menos um lar, que têm uma família por menos agregada que possa ser.
Nós privilegiados, quando ouvimos falar neste dia, lembramos logo dos shoppings, dos presentes, das crianças felizes e saudáveis, bem alimentadas, que estudam, que brincam e se divertem em ambientes bonitos e cuidadosamente bem planejados, as chamadas bonitas, padrão comerciais de TV.
Dificilmente lembramos das que vivem nas ruas sob os viadutos, que sofrem com a nossa desconfiança, indiferença e o nosso individualismo anticristão. Penam nas calçadas da vida convivendo com o medo da sociedade diante da violência que assola o mundo e sentindo na pele todo tipo intolerância. Dados estatísticos de quantas crianças são agredidas, abusadas por pedófilos, muitas molestadas pelos próprios pais e quantas são assassinadas a cada no país? ...Isso não nos chama muito atenção. E quando tomamos conhecimentos de casos escabrosos vitimando crianças, sempre imaginamos ser mais um caso comum, e nos comovemos, sentimos pena, revolta, indignação, mas no dia seguinte já esquecemos.
Há vinte anos escrevi na coluna Espaço do Leitor do jornal A Tarde, um texto alertando para que corrigíssemos aquela imperdoável falha, há tempo, porque algum dia aquilo iria nos causar uma dor inaliviável e hoje me choca constatar que este dia não demorou muito a chegar.
Max Matos, dizendo tudo.