Estava acostumado a participar deste evento sagrado regendo o meu amado Coral Girassol, sempre convidado pra cantar as missas no Quartel dos Bombeiros, e ao final recebíamos a procissão com a imagem da santa, seguido do tradicional e delicioso caruru servido aos presentes.
Na última terça, quis participar literalmente do evento. E foi um momento fabuloso ver o cortejo da celebração sair da Igreja do Rosário dos Pretos, realizado com muita alegria, com músicas entoadas ao ritmo afoxé-ijexá.
Tudo com muito fervor e euforia ao som de atabaques, xequerês, agogô, no mais perfeito e autêntico ecumenismo.
O canto de abertura em louvor a santa realizado em procissão saindo da igreja até o palco-altar no Largo do Pelourinho, com a participação, dos acólitos, do salmista e os leituristas, todos dançando e com alegria estampadas nos seus rostos. Até o celebrante, que mesmo de forma discreta fazia os mesmos movimentos de corpo sem nenhum constrangimento. Bem diferente, é claro, de uma celebração tradicional, onde todos entram com clara discrição.
Os momentos litúrgicos não diferem em nada. Desde o canto de entrada, o ato penitencial, mas sem o canto de louvor por ser período do Advento.
O restante é a mesma coisa. Com o Credo recitado, o Ofertório, o canto do Santo, o Cordeiro, até o canto final, quando o padre deu a Benção sem antes fazer referência aos candomblecistas presentes, promotores, incentivadores e participantes em grande maioria na festa da sua Iansã, no sincretismo, já que aquele templo foi construído pela irmandade de negros escravos alforriados.
Aí se inicia a procissão externa, que percorre parte do Centro Histórico.
Para mim foi uma experiência ímpar, que não pretendo deixar de estar presente nos anos vindouros.
Max Matos, prazerosamente dizendo tudo