Sexta, 22 Novembro 2019 12:44

20 de Novembro: PRECONCEITO ENDÊMICO:

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Publicado em 20 de novembro de 1994 no jornal A Tarde, de acordo com a cultura da época.

* Infelizmente apenas a parte mais esclarecida e inquieta da comunidade negra, comemora este 20 de novembro e combatendo o endêmico preconceito ainda praticado no nosso amado Brasil.
O preconceito não acabará apenas através de movimentos e manifestações. Porque se as autoridades quisessem realmente debelar o racismo, investiriam mais na educação, promoveriam campanhas publicitárias maciças, daquelas cuidadosamente elaboradas quando o assunto tem como retorno, altos dividendos políticos.

Mudariam de vez a tradicional e preconceituosa prática dos livros de iniciação à cultura, onde as crianças aprendem desde cedo que o modelo de pessoa é o branco ariano onde o negro aparece sempre como serviçal e nunca como personagem central, onde elas não se reconhecem nos brinquedos infantis porque os heróis são brancos, e as bonecas são sempre loiras. Vêem na televisão a Xuxa que é a rainha de todos os dos baixinhos, mas que não tem ao menos uma morena entre suas paquitas. Nos comerciais de cremes dentais nunca têm negros, (que sempre foram marcados desde a escravatura pelos dentes alvos e perfeitos)

Nas nossas Forças Armadas por exemplo, não vemos um general negro, enquanto nos EEUU, o general Colin Power é destaque no governo. No Brasil “um almirante negro” só em letra de samba enredo no carnaval carioca. Aliás, já disseram que a razão é a túnica branca que não combina com a pele negra. rsrs
E assim vamos por muito tempo ainda ver e ouvir expressões antigas como; Um rapaz “de boa aparência”, ou; Uma moça “de qualidade” quando se trata de uma pessoa de pele clara.

A Academia Militar de Agulha Negra que ironicamente opta por formar apenas os alunos brancos, segundo o ex-governador do Espírito Santo Albuíno Azeredo que por lá passou e declarou há tempos atrás à Revista IstoÉ, que justamente por ser um aluno exemplar e com um futuro que ameaçaria a “tradição”, foi aconselhado a desistir porque não iria chegar a lugar algum.

Um galã negro estrelando uma novela na TV brasileira é uma coisa inconcebível.
Na Bahia, terra de maioria negra, é bastante comum os meios de comunicação usarem frases preconceituosas como; “juventude dourada”, “gente bonita”, sempre usadas quando se referem aos componentes dos blocos de elite a exemplo do Eva, tido como “O metro quadrado mais bonito da Avenida, expressão nunca usada quando se trata de uma entidade compostas na sua maioria por pessoas de cor, que já são excluídas até de alguns eventos de origem e nome afro, mas que são organizados em formato privê, tão “alvejadas” que mais parecem àquelas festas de colônias africanas sob o domínio da Inglaterra ou Holanda onde o negro é garçom, empregado doméstico ou segurança.
Desejo que um dia, ainda que longínquo, essa triste realidade mude.

Max Matos.
(Na época, ainda não era dizendo tudo) rsrs.

Ler 1370 vezes Última modificação em Sexta, 22 Novembro 2019 12:52

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