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Sábado, 25 Março 2017 10:55

O crime mata a Lei

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531 O crime mata a lei

Republicação de novembro de 2011

Através dos filmes policiais americanos, conhecemos a história dos grandes grupos de gângsters que reinaram nas décadas de 20 e 30, onde o chefe maior e mais temido era o ítalo-americano Al Capone, assassino frio e sanguinário que tinha como negócio o contrabando e venda de bebidas, drogas e outras atividades ilegais, durante a rigorosa Lei Seca que vigorou nos... Estados Unidos neste período.
Os mafiosos, como eram chamados, operaram por muito tempo, pois contavam com apoios de autoridades além de manterem um atuante corpo de influentes advogados para defende-los, e assim espalhavam o medo e intranqüilidade à população.
Nós, cinéfilos do terceiro mundo, por mais que aficionados fôssemos pelo que víamos nas telas, ainda assim já achávamos absurdo, como num país de primeiro mundo, bandidos agíssem livremente com mão de ferro na defesa dos seus interesses sob as barbas da lei e do Estado. Faziam o que queriam; matavam seus desafetos aonde quer que eles se encontrassem, explodiam estabelecimentos comerciais dos proprietários que não aceitavam as regras impostas por eles e não aceitavam pagar uma fictícia taxa de "proteção".
531 Al Capone fichaO império criminoso intranqüilizava a população maculando a velha Chicago, com suas ruas sempre molhadas como era poeticamente retratada em "Os Intocáveis", série de TV, filmada em preto e branco, estrelada pelo ator Robert Stack no papel do agente federal "Eliot Ness", e que era exibida semanalmente nos anos 60.
Já na década de 70 e 80, a centenária organização criminosa "Cosa Nostra", ainda tinha muito poder na Itália, e assombraram o mundo perpetrando vários assassinatos de juízes, promotores e outras autoridades italianas. Até surgir a Operação "Mãos Limpas", um projeto de endurecimento das leis com penalidades severas, que impôs muitas baixas a organização criminosa, reduzindo em mais de 90 por cento o seu poder de fogo e de influência.
Seria justamente um projeto semelhante ao da Operação Mãos Limpas, que todos nós brasileiros gostaríamos que tivesse força e apoio para ser implantada aqui no Brasil, onde Lei é como moda; "ou pega, ou não pega", porque as leis aqui já nascem sob a égide do corporativismo político, que faz com que tudo aquilo que acontecia no passado nos EUA e na Itália, aconteça agora no Brasil, onde mais de 100 juízes estão na mira dos criminosos traficantes, policiais corruptos e milicianos, apenas por cumprirem os seus deveres.
Em agosto último, no programa Mais Você, da Rede Globo, a apresentadora Ana Maria Braga entrevistou o juiz carioca Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Crime de Bangu-RJ, que após o assassinato da juíza Patrícia Acioli, passou a ser o próximo de uma pretensiosa lista de execuções que os bandidos ousadamente elaboraram.

Um outro juiz, o mato-grossense Odilon Oliveira, há 13 anos, é o mais protegido do país. E o mais incrível, é que ele dorme dentro do próprio Fórum. Sua "cabeça" vale, hum milhão de dólares, por ter condenado centenas de traficantes, inclusive os chefões, a penas pesadas, esvaziando os cofres de várias quadrilhas, com várias apreensões de imóveis, veículos, fazendas, aviões, embarcações, além de mais de 15 milhões em dinheiro. (fonte: wikipédia)
Vítima também de ameaças de morte, o deputado estadual do Rio de Janeiro Marcelo Freixo do PSOL (foto), que presidiu um inquérito parlamentar contra as milícias no Estado indiciando mais de 200 pessoas, foi forçado a fugir do país com ajuda da Anistia Internacional. A atuação de Freixo contra o crime inspirou um personagem do filme "Tropa de Elite 2", que trata da atuação das milícias no Rio de Janeiro.
O que nos deixa revoltados e descrentes com a justiça do nosso amado Brasil, é que tudo aquilo que um dia foi fato e hoje é apenas um passado amargo e de fracas lembranças nos EUA assim como na Itália, aqui é realidade. Essa vergonha é plena, acontece hoje e sem perspectiva de mudanças. Pois nos últimos anos, além da juíza Patrícia, mais três juízes foram também assassinados por bandidos poderosos declarados, ou camuflados com status de homem de bem.
Leopoldino Marques do Amaral - Mato Grosso 1999, Antonio José Machado Dias - Presidente Prudente-SP, e Alexandre Martins de Castro Filho - Vila Velha-ES, ambos em 2003, foram vítimas desta força danosa que impõe as suas próprias leis e regras enfrentando de cara o Estado e destruindo homens de bem que estudaram, se formaram para exercerem uma profissão e atuar na defesa de uma sociedade composta de famílias intranqüilas e sem confiança na justiça do seu país.
Ficam pelo menos duas perguntas no ar: Qual o estímulo que jovens cheios de vida e projetos, podem ter para enfrentar e seguir a carreira dos seus sonhos diante dessa desencantante realidade? E como compreender mesmo de forma cristã, que, enquanto nós cidadãos de bem, cumprimos as leis dos homens e as de Deus, o bandido se aproveita disso e impõe a lei dele que é justamente o contrário, contando com a "compreensão e benevolência demagógica" dos defensores dos chamados "Direitos Humanos", essa hipocrisia que a nossa inteligência não consegue alcançar e que levou um delegado de São Paulo, um representante da Lei, a fazer um desabafo de forma raivosa e estarrecedora.

Max Matos, dizendo tudo.

Ler 1349 vezes Última modificação em Sábado, 25 Março 2017 11:00
Max Matos

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